sexta-feira, 29 de agosto de 2008

AMIZADE

Hoje eu quero dedicar este texto às amizades. Para que quem leia possa refletir sobre o real sentido da amiza. Para isso, tentei começar por definindo o que é amizade, mas as palavras faltaram, como em tantas outras vezes que tentei falar sobre outros assunto. Consegui, porém, reunir algumas idéias. O assunto é longo! Então, se tiver preguiça...
Para começar, amizade é uma relação e por relação, entende-se conexão ou comunicação entre as partes envolvidas, de forma que o que um faz é recebido e respondido pelo outro. Se não ocorre isso, trata-se de algo unilateral e a idéia de relação é totalmente desfeita. Portanto, não se trata de amizade. Por que digo isso? Porque muitas vezes falhamos, não de propósito, exatamente em compreender essa questão. Queremos a amizade dos outros, mas nem sempre somos capazes de retribuir a atenção que nos dispensam. Ainda não ficou claro? Tudo bem! Vamos devagar.
Achamos muito natural impor nossas manias [ou o que chamamos de 'o nosso jeito de ser'] aos nossos amigos, achando sempre que não há nada de mal nisso porque, afinal, amigos são para isso. Ainda temos a ousadia de dizer e pensar que 'se ele for meu amigo de verdade, me aceita do jeito que sou'. Não nos passa pela cabeça nessa hora que a pessoa ali, bem ao nosso lado, talvez esteja fazendo várias concessões que ferem os próprios princípios pelo único fato de gostar da gente, mas uma hora ela pode cansar. Quando o papel se inverte e a gente passar a ser 'alvo' do jeito de ser do outro, nos sentimos logo desconfortável e muita gente acaba encontrando razão para discutir. Afinal, está sendo importunada.
Resumindo esta primeira parte. Pergunte-se sempre se você já não começou a abusar da amizade de alguém; se a convivência ou amizade te fez esquecer coisas básicas como o respeito e a educação.
Mas o que é um amigo de verdade? Assim que consideramos alguém amigo, metemos na nossa cabeça que aquela pessoa deve fazer parte ativa em todos os nossos momentos, inclusive das nossas decisões mais loucas. Não importa mais se o amigo não está com vontade de se envolver com você em determinada coisa. Ele tem que participar porque é seu amigo. Repara! Já começamos mal, posto que não conseguimos mais ver o amigo como uma pessoa; um ser que tem vontades próprias. A vontade dele tem que ser te agradar!
Os amigos só servem para gente enquanto estão ao nosso lado, mas se por um acaso nos dizem algo desegradável [e se é desagradável justamente quando este algo é verdadeiro] já pensamos que talvez aquela pessoa não seja boa o suficiente para ser nosso amigo.
Tudo isso eu digo porque não raras são as vezes em que somos vítimas ou algozes e, talvez, seja hora de parar e pensar se estamos sendo realmente amigos; se o que vivemos é amizade ou atuação unilateral. Depois de acontecimentos recentes, tenho pensado sobre isso. Quem sabe você também não tenha algo em que pensar?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O MEU PAPEL

"E sentiu embriagar-se por aquele líquido envolvente, frio. Abraçou-o e amou aquele momento. Derradeiro momento.

Fim"


Depois, pousou o lápis sobre a folha do caderno e foi até o quarto. Despiu-se e se observou ao espelho. Não era nada! Não era feia, não era bonita. Era invisível ou se escondia atrás das páginas do seu livro. Não era nova, nem velha. Era só a ausência de um traço, de uma marca, de um cheiro, de um toque.

Então, colocou a roupa que melhor lhe cabia. Não por ser bonita, estar na moda, mas porque nela se sentia abrigada. Um jeans e uma camiseta branca para ir ter com a rua. Porém, não antes de recolher seus papéis na mesa da sala e depositar o lápis cuidadosamente dentro de um copo repleto de outros lápis.

...

Levou os olhos ao céu, mesmo com a chuva grossa que caía. Andava sem pressa, esbarrando nas pessoas, sem pedir desculpas ou licença para passar. Quando achou a caixa dos correios, jogou ali um envelope endereçado à editora. Fez tudo isso mecanicamente e seguindo sempre em frente, até sair na rua principal. A rua que abria caminho para o mar.

Chegou às areias lembrando as noites de prêmios, dos elogios rasgados, de um 'a melhor romancista romântica dos últimos tempos'. Lembrou de tudo isso sem perder os passos, sem titubear. Andando e deixando-se molhar pela chuva. Andando e deixando-se molhar pelas ondas do mar que lambiam seus pés, suas pernas, a cintura, os seis, os ombros quase macios.

Sentiu embriagar-se por aquele líquido envolvente, frio. Abraçou-o e amou aquele momento. Derradeiro momento.




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Quem disse que esse blogue não pode tratar de outras coisas?